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A mostrar mensagens de julho, 2017

Três frentes armadas.

São três frentes armadas  A várias gerações de distância. Três frentes de costas voltadas  Onde no horizonte pousam olhos  Tolhidos pela ganância De uma razão há muito equivocada.  Entre duas marés opostas Sabe-se um abismo oco de laços, Onde habitam espaços escassos E uma ânsia cansada. Encontram-se os ventos, Gelam os desertos e vacila  O horizonte onde poisam as marés, Porque nele se encontram os tempos Das frentes há muito armadas Por vazios que ficaram por preencher. 

Best-seller não autorizado.

Havemos de escrever algo tão bonito quanto te prometi. As frases não se escrevem a sós, os diálogos pedem mais do que a unidade, pedem-te a ti e a mim, pedem-nos a nós. Enquanto te debruças na reconstrução das pernas partidas da nossa cadeira de baloiço, vou sussurrando para não te deixar sozinho e, quando terminares, vais aperceber-te que não vamos descrever arcos consecutivos de mão dada. Vais sentar-te e deixar-te embalar pelo peso das tuas lágrimas no sofá que consertaste para nós. E, lá de fora, continuarei a fazer jogo sujo com o teu inconsciente, que me espera nos sussurros contínuos em que me concentro até que não encontremos mais tempo para nos escrevermos. Até que me cale. Até que não te baloices mais no best-seller não autorizado que escreveste para nós. Os diálogos pedem mais do que a unidade e, por isso meu amor, ainda havemos de escrever algo tão bonito quanto te prometi. 

Recuar.

Recuar. Às vezes em malabarismos imprecisos, Tropeções e movimentos descalibrados. Recuar. No sentido inverso à cadência exasperada do tempo. Inexistente. Agarrados a conceptualizações erróneas Traduzidas em palavras fraudulentas. Recuar. Na mímica de um movimento complexo De queda sem previsão de fim. Flutuar. Recuar. Embater.